Miriam Batucada
Miriam Batucada
O Filhos da terra desse mês presta homenagem a uma ilustre mooquense in memorian:
Miriam Ângela Lavecchia conhecida como Miriam Batucada.
Neta de italianos, tanto por parte de mãe, quanto por parte de pai, nasceu em 28 de dezembro de 1946,
na Mooca, mas foi registrada no primeiro dia de 1947, assim ganhando "um ano", como se dizia antigamente.
Com apenas 6 anos de idade já tocava harmônica, uma Scandalli de 120 baixos, maior do
que ela. Suas aulas eram ministradas pelo professor Olímpio, na rua Iolanda. Quando menina, sabia a letra
de uma grande quantidade de músicas e gostava de todos os gêneros musicais.
Quando pequena, conheceu uma menina que tinha o apelido de chacareira e lhe ensinou a batucar
com as mãos durante três meses.
Aos 14 anos começou a tocar violão.
Pode se dizer que seu ritmo era fantástico !
E, vivia fazendo percussão, no tempo e no ritmo certo, com batidas nos sofás, paredes e móveis.
Morou até os 20 anos na Rua João Antônio de Oliveira, 459.
Fez o jardim de infância na Escola Santa Terezinha, da Dona Rosa, na Rua Javari,
o grupo escolar no Oswaldo Cruz e o curso técnico no Brasilux.
Depois disso fez um curso de digitadora na IBM e foi trabalhar na Alpargatas e na Arno, onde foi
despedida por fazer batucada no teclado.
Assim, pode-se dizer que Miriam começou efetivamente a sua carreira, cantando em festinhas
de amigos e nos concursos de calouros tão comuns à época como o do clubinho da Cia. União,
que ficava do lado da fábrica de meias Ibram, na Rua João Antônio de Oliveira, quase esquina da Rua da Mooca.
No começo, despontava um samba devagar, o que dias de prática fez se tornar um ritmo frenético
e no compasso de qualquer samba.
Em 1967, recebeu convite para participar do programa de Blota Júnior. Sua apresentação durou
duas horas e maravilhou todo o público e o apresentador e, de quebra, Miriam ainda tocou todos os instrumentos
que se encontravam no palco da Rede Record naquele dia: piano, bateria, harmônica, violão, cuíca,
além de batucar na mesa do apresentador e mostrar também a sua batucada com as mãos.
No dia seguinte já era representada pelo famoso empresário Marcos Lázaro, sendo contratada
pela TV Record: participou do Programa da Sônia Ribeiro e, em seguida, ganhou um programa com Ronnie Von nas tardes de sábado.
E foi durante sua apresentação num programa de televisão que Cidinha Campos a intitulou de
Miriam da Batucada. Como o "da" na época não estava na moda, o extraiu e ficou só com
o codinome de Miriam Batucada.
Em 1968, gravou o compacto pela Rozenblit "Batucando nas Mãos" (de Renato Teixeira) /
"Plác-tic-plác-plác" (de Walter Peteléco), produzido por Roberto Corte Real.
Já apresentava sua famosa batucada nas mãos nessas músicas. Começou nessa época
a ser muito requisitada para espetáculos e chegou a até fazer apresentações no exterior.
Apesar de seu samba ser relativamente tradicional, Miriam era pessoalmente muito criativa e aberta.
Não teve problemas para gravar um disco relativamente inovador com Raul Seixas, Sérgio Sampaio
e Edy Star em 1971, chamado Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10.
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Em 1973, gravou um compacto pela Discos CBS com produção de Raul Seixas.
Pontos marcantes na personalidade de Miriam eram sua extrema simpatia e simplicidade.
Como intérprete, tinha uma noção de ritmo muito boa. Um de seus sucessos era "Teco Teco",
de Pereira da Costa e Milton Villela. A canção hoje não é mais associada a ela, depois que Gal Costa também a gravou, em 1975.
Por ter nascido na Mooca Miriam tinha fortes raízes italianas
Alma da Festa tornou-se no seu disco mais conhecido, e também o mais
encontrado na Internet. Juntamente com Marcix (compositora, vocalista e produtora cultural) compôs
a música "Salve Rainha", homenagem a Chico Mendes.
Miriam Gravou ao longo de sua carreira , 7 Compactos simples ,1 Compacto duplo e 3 Álbuns de estúdio.
A jovem Mooquense nos deixou precocemente aos 47 anos , em Julho de 1994 , após ter sofrido
um infarto fulminante em seu apartamento em São Paulo.