Infectologista projeta quatro meses de surto de coronavírus e 45 mil casos em SP
Após o período, situação deve ser normalizada. Especialista prevê que em 2021 o vírus já se torne pequeno. Médico do Sabin vê o caso como problema de saúde pública
Na tarde de quarta-feira (11), especialistas se reuniram no Instituto do Coração (InCor) para tratar do coronavírus. Considerado uma pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o vírus tem infectado cada vez mais pessoas no país. Para especialistas, os próximos quatro meses devem ser de surto.
Em mensagem que circula pelas redes sociais, o vice-presidente do Conselho Diretor do Instituto do Coração (InCor), Fábio Jatene, resumiu o encontro. Jatene detalhou algumas declarações do infectologista e coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus no Estado de São Paulo, David Uip.
Uip projetou uma explosão dos casos de coronavírus no Brasil nos próximos meses porque, para o infectologista, o país já está registrando a chamada transmissão comunitária. “Quem não foi viajar já está passando para o outro que não foi viajar”, afirmou. Jatene explica que a projeção é lógica. “Ele tinha razão, porque ontem [terça-feira (10), tínhamos 35 casos. Hoje [quarta] há temos 70.”
45 mil casos em São Paulo
O crescimento da doença deve infectar cerca de 45 mil pessoas nos próximos meses. Destes 45 mil, de 10 a 15 mil pacientes devem precisar serem internados em uma unidade de terapia intensiva (UTI), o que deve superlotar a rede do estado.
Quatro meses difíceis
Ainda segundo Uip, os próximos quatro meses serão difíceis para todo o país. “Ele [Uip] disse que vai vir, vai vir com força, vai contaminar um monte de gente”, explicou Jatene. Contudo, depois deste período, o surto deve ser controlado.
Outro especialista presente, o neurologista Ésper Cavalheiro projeta que, em 2021, o vírus já se torne pequeno, porque “quem tinha que contaminar, contaminou”. O Cavalheiro também acredita que jovens devem ser pouco infectados pelo coronavírus.
Cuidado com idosos
“Muito cuidado com pessoas de idade. Pessoas muito idosas não devem ser expostas de jeito nenhum. Nos velhinhos, a mortalidade tem ficado entre 15 e 18%. contra 0,2%”. É o que conta Fábio Jatene, relatando falas de Uip na reunião. “É uma doença que mata velho, né, não é uma doença que mata jovem”, comenta.
Problema de saúde pública
O médico infectologista do Laboratório Sabin, Alexandre Cunha, tranquiliza a população sobre a letalidade do vírus. Cunha explica que, embora o coronavírus não são problema de saúde individual, mas sim um “enorme problema de saúde pública”.
“Do ponto de vista de saúde individual, isto é, pensando em cada um de nós, no risco que a infecção pelo vírus representa a cada um, pode-se dizer que este é mínimo. Os dados comprovam isso”, explica o infectologista, citando que é preciso ter atenção a “histeria coletiva” de correntes e textos diversos de redes sociais e aplicativos.
“À medida que a pandemia evolui, conseguimos ver com clareza que esse novo vírus não é muito mais perigoso do que outros vírus respiratórios com que já estamos acostumados, em termos de morbidade e mortalidade e atinge em especial idosos e pacientes com outros problemas de saúde, exatamente como o Influeza por exemplo.”