Mulher morta na Cracolândia é suspeita de integrar facção Criminosa
Adélia morreu no dia em que faria 31 anos, em tiroteio envolvendo guardas municipais
Morta a tiros em um confronto na cracolândia, em São Paulo, a baiana Adélia Batista Xavier, 30 anos, é suspeita de ser ligada ao PCC e uma das líderes do tráfico na região, de acordo com a polícia. A informação é da Folha de S. Paulo.
Adélia morreu depois de ser baleada na quinta-feira e foi oficialmente identificada nesta sexta, quando faria 31 anos. Ela era natural de Esplanada, mas morava em São Paulo há mais de 10 anos. Seu último endereço conhecido era na cidade paulista de São Bernardo do Campo.
Investigações do Departamento de Narcóticos (Denarc) de 2017, quando ela foi presa, indicavam que Adélia era “organizadora da disciplina dos demais traficantes, que estavam sob sua subordinação”. Este cargo é um dos mais importantes dentro da organização do PCC, com o responsável inclusive definindo punições e castigos que incluem até a morte. Quando foi presa há 2 anos, ela estava com anotações de contabilidade ligadas ao tráfico.
Adélia foi uma das 17 denunciadas pelo Ministério Público como suspeita de fazer parte de organização criminosa que comercializava drogas na cracolândia. O PCC controla a região.
Quando foi morta, a traficante usava documento de outra pessoa - uma personal trainer que foi roubada dias antes perto da cracolândia. Um exame datiloscópico revelou sua verdadeira identidade, já que seus dados estavam no banco de dados da polícia de São Paulo. “Fui assaltada no dia anterior por dois indivíduos armados com uma faca”, conta Gabriela Colares Gomes de Lima, que teve os documentos roubados. “Chegaram a ligar para minha mãe informando que eu estava no hospital, mas eu já havia avisado que estava sem documentos”, acrescenta.
Adélia foi baleada na têmpora durante um confronto entre bandidos e guardas municipais que foram até o local ajudar em um serviço de limpeza. Na confusão, que envolveu ainda moradores de rua e usuários de drogas, uma pessoa atirou contra os agentes municipais, que tentavam desmontar uma barraca usada para vender drogas. Eles então revidaram, de acordo com testemunhas citadas pela Folha. Os guardas contaram à polícia que o responsável por abrir fogo foi um "homem bem vestido", que se escondeu atrás de um poste. Depois da troca de tiros e de uma perseguição pela Rua Helvetia, o suspeito fugiu. Os guardas então notaram uma mulher caída, com ferimento na cabeça.
Era Adélia, que foi foi socorrida para a Santa Casa na quinta, mas morreu ontem na unidade. A polícia diz que apenas a investigação vai determinar de onde partiu o tiro. “Foi pedra para todo lado, bomba... Foi difícil. Ninguém trabalhou praticamente”, disse o comerciante Rodnei Evangelista Alves Batista ao G1.
No local, a polícia recolheu 13 balas espalhadas pelo asfalto, 9 de pistola calibre 380 e 4 de revólver calibre 32 - a Guarda usa revólver de calibre 38.